Promessistas: nem adventistas, nem assembleianos
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uma série de textos sobre a identidade dos Adventistas da Promessa. Amo a
denominação da qual faço parte e desejo compartilhar com meus leitores a minha
percepção (não doutrinária) desta “Nordestina” de 83 anos.
O que de melhor há no “Sétimo Dia” e na “Assembleia de Deus”
Começo
perguntando: que cara tem a Igreja Adventista da Promessa? Alguns já disseram
que somos uma junção do que há de melhor nos adventistas do Sétimo Dia e o que
há de melhor nos assembleianos. Do Sétimo Dia teríamos “herdado”: a) os
mandamentos de Deus, com destaque para o sábado, a abstinência de certos tipos
de alimentos; b) o ardor doutrinário; c) A ênfase na Volta de Cristo. Já da
Assembleia de Deus “herdamos”: a) o “fogo do Espírito”: b) a manifestação de
dons espirituais: com ênfase em línguas e cura; c) a “exuberância” na oração.
O que de pior há no “Sétimo Dia” e na “Assembleia de
Deus”
Há os
que pensam o contrário. Na verdade, dizem, somos a junção, resultando no pior
das duas denominações. Para estes, herdamos dos adventistas: a) a prepotente
visão de que somos “o único povo de Deus na Terra”; e b) o legalismo. Já dos
assembleianos, teríamos “herdado”: a) o improviso litúrgico; b) a “censura” no
porte e na conduta cristã (com ênfase na proibição de calças e adornos,
restritivamente para as mulheres).
Nossa diferença com o “Sétimo Dia”
Já
temos mais de 80 anos, e se pensarmos, já temos – e sempre tivemos –
muitas diferenças destas duas denominações. De fato, elas nos
influenciaram, tanto no nosso nome como em nosso comportamento. Acredito que
podemos entender que somos diferentes da Igreja Adventista, e não sugiro com
isso como um “ódio ao adventismo”, nem proponho a mudança de nosso nome, porém,
não há como aceitarmos o rótulo, depois de 83 anos de história, de que ainda
somos “adventistas” como nossos irmãos.
Basta
lembrarmos que não temos nenhum compromisso com algumas doutrinas: a) os
escritos de Ellen White; b) não cremos na doutrina do “santuário celestial”, um
“remendo” mal feito, para o equívoco da tentativa de agendamento da volta de
Jesus para 1844; c) o despojamento de que somos a “única igreja verdadeira”.
Isso fica evidente nas palavras do Pr. João Augusto da Silveira, nosso
fundador:
“O nosso título denominacional traduz justamente o que nós
cremos a respeito de títulos de igrejas. ‘Universal assembleia’¹, estas duas
palavras, as encontramos na epístola aos Hebreus 12:23, e cremos que elas nos
falam de uma única igreja de Jesus Cristo na terra, não cremos que ela tem
referência a nenhuma das denominações existentes, e nem mesmo a nós que a
adaptamos como um título, mas antes que ela diz respeito a totalidade dos
cristãos em Jesus Cristo de todas as denominações, os quais têm andado em
sinceridade de coração, na luz que têm recebido.²
Além de
outras diferenças: d) a abstinência para nós é uma questão da soberania divina
(a visão adventista é uma espécie de “reforma de saúde”); e) não cremos que
Miguel é Jesus (Hb 1).
Vejam quantas diferenças, muito mais que as “línguas estranhas”.
Nossa diferença com a “Assembleia de Deus”
Quando penso em nossa “face assembleiana”, acredito estarmos
distantes deles também. A) “Nosso pentecostalismo” é equilibrado, conquanto
haja alguns extremos em alguns lugares, mas, no geral, não acreditamos em
descontrole espiritual (perda da consciência durante a manifestação do dom de
línguas, profecia e etc.); B) não cremos em arrebatamento de sentidos; C) não
cremos no cair no Espírito; D) não adotamos cultos intermináveis (embora nem
todos assembleianos sejam assim) E) não cremos no arrebatamento secreto da
igreja; F) não cremos no inferno presente e eterno (porém na punição
aniquilacionista no “lago de fogo”).
Promessista, povo que caminha
Nesta
caminhada de mais de 80 anos não andamos para nos tornarmos uma mistura de
doutrinas, como se fôssemos uma “babel convertida”. Nossa identidade tem
caminhado para uma nova face que, queira o Senhor, nos ajude a parecer mais com
Cristo, resultado da obra do Espírito Santo, o qual tem operado desde o início
dos promessistas. Inclusive sem descartar a boas influências que as duas
denominações trouxeram a nós.
Nossa caminhada teológica (estudar não é pecado), nossa ênfase
na Graça e o aperfeiçoamento doutrinário está nos direcionando para que
sejamos, como sempre fomos e cada vez mais, a igreja da Palavra. Buscamos cada
vez mais conhecer ao Senhor (Os 6.3) e crescer na sua graça (2Pe 3.18),
aprimorando nosso conhecimento na salvação pela graça, sem perder o fervor
espiritual e o zelo pela Lei de Deus. Lutando para que, como promessistas que
somos, contribuamos à Igreja de Cristo na tarefa que nos foi confiada.
Andrei Sampaio Soares congrega na IAP em Vila Medeiros (SP)
e é colaborador do Departamento de Educação Cristã da IAP
1 O primeiro nome da Igreja Adventista da Promessa foi:
“Universal Assembleia dos Adventistas da Promessa”.
2 SILVEIRA, Augusto da. NOSSO NOME DENOMINACIONAL. Disponível in:http://portaliap.com.br/2012/05/iap-80-anos-2/>
Acessado: 26/03/2015.