Lição 1- Nós cremos
No Pai
No Filho
No Espírito Santo
TEXTO BÁSICO: Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações,batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. (Mt 28:19)
INTRODUÇÃO: Na lição desta semana, primeira de uma nova série de lições bíblicas, que tem por título: O que cremos: nossas crenças ponto a ponto, veremos alguns aspectos relacionados às três pessoas da triunidade divina: o Pai, o Filho e o Espírito. A palavra “triunidade” não aparece nas
Escrituras, mas foi criada para expressar uma verdade encontrada em toda a Bíblia: a de que Deus subsiste eternamente em três pessoas distintas e co-iguais. Todas elas são, igual e plenamente, divinas; no entanto, existe um único Deus (Dt 6:4; Tg 2:19). Nosso objetivo, aqui, é mostrar, através da Bíblia, a nossa crença sobre cada uma das pessoas da triunidade.
A NOSSA CRENÇA SOBRE O PAI
Começaremos a nossa abordagem tratando sobre o Pai. É difícil percebermos a distinção entre as pessoas da triunidade no Antigo Testamento, que, de forma inquestionável, enfatiza um Deus único. Contudo, essa distinção existe. Encontramos algumas alusões às três pessoas que compõem a triunidade.1 Quando somadas à revelação posterior do Novo Testamento, essas alusões do Antigo Testamento permitem-nos entender corretamente a natureza do Deus Triúno. Isso acontece no que diz respeito à pessoa do Pai, por exemplo. Deus é chamado de Pai, em alguns textos do Antigo Testamento (cf. Dt 32:6; 2 Sm 7:14; Sl 68:8, 89:26; Is 63:16, 64:8; Jr 3:4, 19; Ml 1:6, 2:10). A designação “Pai” não era muito comum para se referir a Deus, no Antigo Testamento, principalmente para não confundir o Deus de Israel com os deuses tidos como progenitores pelos pagãos.2 No Novo Testamento, entretanto, as referências bíblicas à pessoa do Pai são numerosíssimas: mais de 200 (cf. Mt 5:16, 6:9, 26:53; At 1:4; Rm 1:7; Gl 1:3; Ef 6:23, etc.). Quando somamos os textos do Antigo Testamento à revelação do Novo Testamento, descobrimos que o Pai é uma das pessoas da triunidade. Todos esses textos bíblicos revelam-nos informações preciosas e importantes sobre a pessoa do Pai de nosso Senhor Jesus Cristo (1 Pd 1:3). Veremos algumas delas.
A Bíblia afirma, e, por isso, cremos que o Pai é divino, isto é, ele é Deus: Deus, o Pai, nele colocou o seu selo de aprovação (Jo 6:27 – grifo nosso – cf. 2 Co 1:2; Ef 4:6; 1 Pd 1:2-3). Se o Pai é Deus, consequentemente, é, também, eterno (Sl 90:2). Deus, o Pai, existe antes de todas as coisas. Não foi gerado e nem criado; sempre existiu e sempre existirá. O passado, o presente e o futuro são, igualmente, conhecidos por ele, que observa todos os acontecimentos como um todo interrelacionado. A Bíblia diz que ele é eternamente bendito (2 Co 11:31); nos deu uma eterna consolação (2 Ts 2:16). Também nos diz que a vida eterna que nos foi manifesta estava com o Pai (2 Jo 1:2). Ele é perfeito (Mt 5:48) e, em seu ser, não há mudança
ou sombra de variação (Tg 1:17).
As Escrituras também mostram que o Pai é onisciente (1 Pd 1:2; Mt6:4, 6, 18). Além disso, Deus Pai é mencionado como Senhor soberano de toda a criação: ... para nós há um só Deus, o Pai, de quem todas as coisas procedem e para quem vivemos (1 Co 8:6). Tudo vem dele e é para ele que
vivemos. Da mesma forma, o Pai também é o sustentador do universo; está presente e ativo na sua criação. Ele criou o mundo, mas não o abandonou a sua própria sorte; antes, intervém na história do universo. É o Pai que está no céu quem faz nascer o sol sobre maus e bons e faz chover sobre justos e injustos (Mt 5:45). É ele quem alimenta as aves do céu (Mt 6:26) e sabe das nossas necessidades básicas (v. 32).
O Pai não é um mero poder ou mesmo uma influência impessoal. Pelo contrário, é um ser pessoal, que possui a capacidade de raciocinar, sentir e almejar: Preocupa-se com os desfavorecidos (Sl 68:5); perdoa pecados (Mt 6:15; Mc 11:25); tem vontade própria (Mt 7:21; 18:19; Lc 12:32; 22:42;
Jo 6:40; Gl 1:4); responde orações (Lc 11:13; 12:30-32); é sobre todos, por todos e está em todos (Ef 4:6). As Sagradas Escrituras também afirmam que o Pai é o responsável pelo planejamento da obra da redenção (Ef1:3-6). Lembramos que, em todas as obras relacionadas ao Pai, existe a
co-participação do Filho e do Espírito Santo. Em vista dessas considerações a respeito do Pai, concluímos que, já que ele é o nosso criador e sustentador, com toda certeza, precisamos
depender dele, em todos os momentos da nossa vida. Nós fomos criados para a sua glória. De forma semelhante, por intermédio do plano de redenção e eleição, projetado e planejado pelo Pai, alcançamos salvação e vida eterna em Cristo Jesus. Que cada um de nós aprenda a confiar e
obedecer a esse Deus que tanto nos ama, que está assentado no trono (Ap 3:21), que é e sempre será Pai de misericórdias, Deus de toda consolação (2 Co 1:3). Ao nosso Deus e Pai seja dada a glória (Fp 4:20).
A NOSSA CRENÇA SOBRE O FILHO
Reconhecer a divindade de Jesus Cristo é imprescindível, no que concerne à doutrina da triunidade. Nós cremos que Jesus é plenamente Deus.
Na Bíblia Sagrada, há diversos textos que asseguram, de maneira explícita, a divindade de Cristo, como, por exemplo, João 1:1: No princípio era aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus, e era Deus. Mais adiante, João narra a declaração de Tomé a Jesus: Senhor meu e Deus meu (Jo 20:28). O apóstolo Paulo também declara que Jesus é o grande Deus: ... aguardando a bendita esperança e manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo (Tt 2:13 cf. Rm 9:5). Pedro, de igual forma, reconheceu a divindade de Cristo: ... nosso Deus e Salvador Jesus Cristo (2 Pd 1:1).
Dessa forma, negar que Cristo é Deus é negar completamente o que diz a Bíblia Sagrada, já que vários textos bíblicos asseguram a divindade de Jesus Cristo, bem como seus atributos divinos, os mesmos do Pai e do Espírito Santo (cf. Jo 1:1, 8:58, 17:5; Fp 2:5-6; Cl 1:17; Hb 13:8; 1 Jo 1:1).
Jesus não tem começo, nem término, nem sucessão de momentos em seu próprio ser. Ele é eterno. Outra prerrogativa divina também atribuída a Jesus é a autoridade para perdoar pecados (Mc 2:5-7, 10).
Do mesmo modo, a Bíblia mostra que Jesus esteve presente e ativo na criação de todas as coisas (Jo 1:3). Esses são apenas alguns dos muitos atributos divinos que a Escritura aplica a Cristo. Além da natureza divina, Jesus veio ao mundo como ser humano, com todas as limitações que o
homem possui: fome, sede, frio e cansaço, por exemplo. Sobre isso, a Bíblia assegura: E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai (Jo 1:14).
Em outro texto, lemos: Eu mesmo o vi com meus próprios olhos e o ouvi falar. Eu toquei nele com as minhas próprias mãos (1 Jo 1:1 – BV).
Deus se fez gente para identificar-se com o ser humano. O Verbo encarnado enfrentou os mesmos dilemas que nós enfrentamos; sentiu o que sentimos: compaixão (Mt 9:36), ira (Mc 3:5), angústia (Jo 12:27), rejeição (Mt 26:69-74). Ele também derramou lágrimas (Jo 11:35); sentiu medo (Lc 22:42), cansaço (Jo 4:6), teve sede (Jo 19:28), fome (Mt 4:2). A grande diferença de Cristo com relação a nós é que, quando esteve aqui, ele não pecou. O autor de Hebreus diz que ele foi tentado em todas as coisas em semelhança de nós, mas sem pecado (Hb 4:15). Mesmo tendo passado por todo tipo de tentação, como nós também enfrentamos, Jesus não cometeu pecado algum.
Jesus Cristo era plena e verdadeiramente Deus e plena e verdadeiramente homem. Por sabermos que ele era e é Deus, podemos confiar no seu amor, na sua misericórdia e no seu cuidado. Além disso, sua fidelidade constante é uma boa razão para que nossas ansiedades e preocupações
sejam colocadas diante do Filho. Já por sabermos que ele viveu como homem, podemos ter a certeza de que, aqui, ele enfrentou dificuldades e tentações, como também nós enfrentamos. Ele nos entende. Isso nos dá força para seguirmos sempre avante, em direção ao nosso alvo maior, que, nada mais é do que um dia nos encontrarmos com ele: Jesus Cristo, o autor e consumador da fé.
A NOSSA CRENÇA SOBRE O ESPÍRITO SANTO
Depois de estudarmos um pouco mais a respeito do Pai e do Filho, atentaremos para o Espírito Santo. Nós cremos que ele é Deus. Não podemos confundi-lo com uma energia, um poder ou uma força. Nos dias atuais, existe muita confusão em torno do Espírito Santo. Muitos o estão tratando como se ele fosse apenas um poder, que fica, constantemente, à disposição dos crentes, o que não é verdade. A Bíblia mostra que o Espírito Santo é uma pessoa divina.
O Espírito Santo é um ser pessoal – assim como o Pai e o Filho osão –, e não simplesmente uma força impessoal e ativa de Deus. Por ser uma pessoa, o Espírito Santo tem intelecto (1 Co 2:10-11), vontade (1Co 12:11) e sentimentos (Ef 4:30). Da mesma forma, a Bíblia atribui a ele atos pessoais, como: ensinar (Lc 12:12), guiar (At 8:29), falar e escolher (At 13:2), interceder (Rm 8:26) e convencer (Jo 16:8). O próprio fato de ele ser descrito como Consolador (função que somente uma pessoa pode executar) também demonstra o caráter pessoal do Espírito Santo.
Com relação a sua deidade, um dos textos mais claros a esse respeito se encontra no livro de Atos. No capítulo 5, versículo 3, na pergunta de Pedro a Ananias, ele afirma: ... por que encheu Satanás teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo. E, no versículo 4, o apóstolo completa: ... não mentiste aos homens, mas a Deus. Portanto, fica claramente evidenciada, nestes versículos, a deidade do Espírito Santo. As Escrituras tratam como próprias dele várias qualidades que só são empregadas com relação a Deus, tais como: eternidade, onipresença, onisciência, onipotência, liberdade, santidade, etc.
Ainda com relação a esse aspecto, as Escrituras apontam que o Espírito Santo participou da criação dos céus e da terra (Gn 1:2), sendo, da mesma maneira, responsável pela regeneração dos crentes (Jo 3:5-7; Tt 3:5), operando, também, na conversão das vidas a Cristo Jesus (Jo 16:7-
8). Além disso, a própria encarnação milagrosa de Jesus é atribuída, diretamente, a uma ação do Espírito Santo (Mt 1:20). Outra ação do Espírito Santo, de extrema importância para nós, é a inspiração das Escrituras, que são a revelação especial de Deus (2 Tm 3:16).
Outra obra importante do Espírito Santo é a que diz respeito à formação e à expansão da igreja de Cristo. Durante todo o decorrer do livro de Atos, nós o vemos claramente guiando e dirigindo a igreja. É ele quem dá o testemunho de Jesus e aumenta o nosso conhecimento a respeito do Salvador. As Sagradas Escrituras asseguram que o Espírito Santo guia a igreja sempre na verdade, livrando-a do erro e impulsionando o corpo de Cristo na sublime tarefa da proclamação do evangelho da salvação: ... mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria e até os confins da terra (At 1:8). Como crentes em Jesus, tenhamos a certeza de que o Espírito Santo habita em nossas vidas (1 Co 3:16). Ele é o nosso Guia e o Consolador prometido pelo Filho para estar sempre conosco, em todos os momentos. Além disso, podemos ter a certeza absoluta de que é o
Espírito Santo quem nos capacita com dons e talentos para servirmos à igreja, que é o corpo de Cristo na terra. Por fim, ele nos impulsiona a testemunhar do amor do Pai, demonstrado por meio de Cristo Jesus, nosso Senhor e Salvador.
CONCLUSÃO: A Bíblia Sagrada é categórica, ao afirmar que existe somente um único Deus, e clara, ao mostrar que esse Deus, poderoso e único, subsiste eternamente, por meio de três pessoas distintas e co-iguais: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Nós cremos assim! Deus é
um em sua essência. Essa essência é única e indivisível; não está fragmentada.
Pai, Filho e Espírito Santo possuem a totalidade da essência divina. Esse Deus ama e cuida de cada um de nós. Por isso, podemos ter a convicção de que não estamos sós e nem desamparados, porque ele sempre está conosco. Deus nos cerca por trás e por diante, sendo
impossível fugir da sua presença (Sl 139:1).